

Entre o antes e o depois
no encontro com o desconhecido,
contemplo as miudezas que lampejam na escuridão.
Entre uma coleção e outra, entre o que passou e o que está por vir, entre o antes e o depois.
É difícil sustentar a espera num tempo regido pelo futuro, em que a velocidade do movimento atroplela a experiência e o processo é menos importante que a forma.
A leitura de Sobrevivência dos vaga-lumes* de Didi Ubermann, e do conto Nas margens da alegria* de Guimarães Rosa, me trouxe questionamentos profundos sobre a velocidade dos meus próprios movimentos e de como quero expor-me à luz.
Como num lampejo de esperança, essas indagações íntimas tornam-se palpáveis ao contemplar um cianótipo da amiga Isabella Alves, e entender que para aquela imagem existir foi necessário entregar-se para todas as etapas de um processo lento, contemplativo e pertencente à um tempo não programável, que vai desde o preparo da superfície num ambiente escuro, até sua exposição à luz.
As estampas casulo, lampejo e mata são uma homenagem às etapas desse processo e, através da Coleção Vagalume, acolho o imprevisto e devolvo ao tempo a possibilidade do acontecimento.